Xeque-mate

A cidade esquadrinhada no mapa

parece estática:

linhas e fronteiras domadas

em legendas ordenadas.

*

A cidade ao rés-do-chão

é labirinto de passos perdidos,

retórica de deambulações

e falas em transe.

*

A cidade que avisto

do alto do arranha-céu

tem uma geometria previsível.

*

Mas a outra que os olhos percorrem

com a sola dos pés

é tabuleiro de xadrez.

 

Analice Martins – Rio, 26/02/2018

Temporalidades

O tempo não é largo nem pequeno,

muito menos eterno.

*

O tempo é imperioso,

régio e regulador.

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Quando dócil,

é invisível.

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Quando irascível,

é um titã.

*

Tempo tempo tempo…

*

Se circular, asfixia;

se retilíneo, dispersa.

*

Nenhum tempo é para todos,

o tempo é o que nos chega.

*

Quando o apalpamos,

somos deuses.

*

Quando o aceitamos,

somos mortais.

*

Quando nos rebelamos,

saltamos de um trampolim.

*

O tempo que temos

não é animal doméstico.

*

O que nos escapa

é alazão estranho.

*

O que vivemos

nunca se aprisiona no pulso.

 

Analice Martins – Grussaí – 05/02/2018