Para minha mãe, Ruth Maria Chaves Martins
Quando miro tua imagem
além
e aceno,
tu me lembras que a travessia
é mais doce
no acalanto do teu sorriso.
(Analice Martins)
Para minha mãe, Ruth Maria Chaves Martins
Quando miro tua imagem
além
e aceno,
tu me lembras que a travessia
é mais doce
no acalanto do teu sorriso.
(Analice Martins)
Para Raduan Nassar
(Analice Martins)
O traço na página em branco
cava a palavra,
que tomba em gruta
profunda.
*
O eco da palavra escavada
distorce o sentido.
Inventa uma outra
vertigem.
*
A página em branco é caverna
de paredes e ásperas entranhas.
Precisa da teima e da urgência
de quem a percorre.
*
A sombra do traço entrevisto
ganha a cor do desejo imaginado.
Eis a magia que propicia
a coisa.
*
A coisa que – sólida –
o desejo inventou,
e o traço riscou
na parede branca e muda.
(Analice Martins)
Sem cortinas,
a casa é o fora:
a rua que entra,
o verde espelhado.
*
Sem cortinas,
o dentro da casa
é nudez devassada
e cores à mostra.
*
Com cortinas,
o fora é lá fora:
a rua se encolhe,
e o verde se encobre.
*
Com cortinas,
a casa é só o dentro:
corpo privado
e cores escondidas.