Aquele relógio branco
impassível
devora os minutos de um tempo
que não quer se represar.
*
Aquele relógio branco
cruel
me lembra, qual um epigrama,
que a felicidade é veloz e precária,
custa a vir e, quando vem,
não se demora.
*
Aquele relógio branco
esfíngico
também me sussurra arcaicamente
que, na aresta de um instante,
não se questiona o destino
de nossos passos.
*
Aquele relógio branco
tonto
não sabe que o instante que passa
passa definitivamente.
Analice Martins (Campos, 10/09/2024)